O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, recebeu na manhã desta sexta-feira, o Director-Executivo da empresa multinacional Kenmare Resources, Tom Hickey, num encontro que buscou consolidar o relacionamento institucional entre o Governo moçambicano e uma das maiores operadoras do sector mineiro do país.
Durante a audiência, o gestor da empresa irlandesa reiterou o compromisso da Kenmare em manter e expandir os seus investimentos em Moçambique nas próximas décadas, reconhecendo o impacto económico, social e fiscal das suas operações na província de Nampula, mais concretamente no distrito de Moma.
A reunião, que se insere no quadro da diplomacia económica activa promovida pela Presidência da República, serviu de plataforma para o reforço do diálogo entre o Estado e o sector privado, com particular ênfase nas áreas de mineração responsável, criação de empregos e sustentabilidade ambiental.
Falando à imprensa no final do encontro, Tom Hickey descreveu a audiência como “uma oportunidade estratégica para reforçar os laços entre a Kenmare e o Governo moçambicano”, sublinhando que os investimentos da empresa têm por base uma visão de longo prazo, ancorada na estabilidade política, melhoria contínua do ambiente de negócios e compromisso com o desenvolvimento local.
“Tivemos a oportunidade de conhecer o Presidente hoje para discutir a história da Kenmare em Moçambique, os nossos investimentos planeados e como pretendemos continuar a investir no país durante as próximas décadas,” declarou Hickey, realçando a importância do diálogo franco com a mais alta figura do Estado moçambicano.
Aposta em Emprego, Fiscalidade e Desenvolvimento Sustentável
Na sua intervenção, o CEO da Kenmare deixou claro que a empresa não se limita à extracção de recursos minerais. Ao contrário, enfatizou o papel da multinacional enquanto geradora de emprego e contribuidora activa para os cofres do Estado através do pagamento regular de impostos e royalties. Segundo Hickey, a Kenmare emprega actualmente mais de 1.700 trabalhadores, maioritariamente moçambicanos, e pretende manter este número com tendência de crescimento.
“Esperamos continuar a empregar mais de 1.700 pessoas, a gerar rendimentos fiscais e de royalties para o Governo, bem como a investir no desenvolvimento económico, social e educacional em torno da nossa mineração em Moma”, referiu o líder executivo da mineradora.
Com actividades centradas na produção de ilmenite, zircão e rutilo — minerais pesados extraídos das areias e utilizados como matéria-prima em pigmentos industriais, tintas e cerâmicas — a Kenmare tem vindo a assumir-se como um importante motor da economia local e nacional. A empresa estabeleceu centros comunitários, escolas, programas de abastecimento de água e de saúde nas comunidades circunvizinhas, integrando, assim, as preocupações sociais na sua estratégia empresarial.
Reconhecimento ao Presidente pela Experiência em Nampula
Durante o encontro, Tom Hickey fez questão de reconhecer a experiência do Chefe de Estado no contexto da província de Nampula, região onde a Kenmare opera há décadas. Segundo o empresário, a familiaridade de Daniel Chapo com a realidade local constitui um trunfo valioso na gestão de parcerias público-privadas.
“O Presidente foi muito aberto e apreciativo com a Kenmare. Ele trabalhou em Nampula há muitos anos e entende a nossa mineração. Ele visitou a nossa unidade, conhece a realidade no terreno”, destacou Hickey, num tom que denota respeito e confiança mútua.
O CEO da multinacional elogiou ainda a postura visionária do Presidente em relação ao papel do sector privado no desenvolvimento do país, destacando o seu entendimento sobre a necessidade de se alinhar os interesses empresariais aos objectivos estratégicos do Estado moçambicano.
“Ele tem uma grande ideia de como empresas como a Kenmare podem investir no país, gerar valor para a nação, e nós apreciamos muito essa visão construtiva,” acrescentou.
Ambientes de Negócios: Realismo e Esperança
Interpelado pelos jornalistas sobre a sua percepção em relação ao ambiente de negócios em Moçambique, Hickey respondeu com realismo e uma dose expressiva de optimismo. A Kenmare opera no país há mais de 40 anos, tendo passado por diversos ciclos políticos, económicos e regulatórios. Apesar dos desafios, a multinacional mantém-se confiante nas oportunidades de expansão.
“Há dias bons e dias difíceis, como em qualquer parte do mundo, mas Moçambique tem sido um bom destino para a Kenmare. Estamos aqui há quatro décadas e esperamos continuar a crescer, criando mais valor para a nação nos próximos anos”, disse, com um sorriso sereno.
Hickey reconheceu, contudo, que a competitividade global obriga Moçambique a continuar a melhorar os seus marcos regulatórios, simplificar os processos administrativos e garantir segurança jurídica para os investidores, sobretudo nas áreas de licenciamento, transporte e exportação de recursos minerais.
Kenmare e o Futuro de Moçambique
Fundada na Irlanda, a Kenmare Resources é hoje uma das líderes mundiais na extracção de minerais industriais a partir de areias pesadas. Em Moçambique, a empresa detém a concessão do projecto Moma Titanium Minerals, na costa de Nampula, operando numa área de grande riqueza geológica.
Nos últimos anos, a multinacional tem reforçado os seus investimentos em tecnologia, segurança e preservação ambiental, com o objectivo de tornar-se num modelo de mineração sustentável no continente africano.
Ao projectar o futuro, o CEO Tom Hickey expressou confiança no potencial de Moçambique para se tornar uma referência africana em matérias-primas industriais, mas alertou para a necessidade de se agregar valor localmente, através de iniciativas de industrialização, formação técnica e inserção dos jovens no mercado de trabalho.
“Espero que Moçambique possa prosperar, gerar mais emprego para os seus cidadãos, valorizar os seus recursos naturais e tornar-se um país muito bem-sucedido. A Kenmare quer ser parte activa dessa caminhada,” concluiu.
Uma Parceria Estratégica para o Desenvolvimento Nacional
A audiência entre o Presidente da República e o CEO da Kenmare reforça o posicionamento de Moçambique como um país aberto ao investimento directo estrangeiro, especialmente em sectores estratégicos como o mineiro. Com uma base sólida de recursos naturais e uma juventude crescente à procura de oportunidades, o país tem todas as condições para transformar a sua riqueza em prosperidade partilhada.
A presença da Kenmare, com uma política empresarial alinhada com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), demonstra que é possível extrair riqueza do subsolo sem comprometer os interesses das comunidades e do meio ambiente. O desafio, para o Governo e os parceiros privados, consiste agora em consolidar este modelo de crescimento inclusivo e sustentável.
A visão de Daniel Chapo, expressa nesta audiência, reforça a diplomacia presidencial voltada para o investimento com impacto real nas comunidades.
A relação com a Kenmare poderá, por isso, servir de exemplo para futuras parcerias, onde o crescimento económico se conjuga com justiça social, boa governação e sustentabilidade ambiental.