A Companhia de Pipeline Moçambique–Zimbabwe (CPMZ) anunciou a intenção de aumentar a sua capacidade de transporte de combustíveis dos actuais três milhões para cinco milhões de metros cúbicos por ano, no âmbito do seu plano de expansão e modernização da infraestrutura logística regional. O anúncio foi feito após uma audiência concedida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, aos representantes da empresa, na qual foram abordados os desafios estruturais do Porto da Beira e a competitividade do corredor logístico.
O encontro teve lugar no Palácio da Ponta Vermelha, em Maputo, e insere-se no esforço do Governo em reforçar o diálogo com empresas estratégicas do sector energético e de transporte, que desempenham papel crucial no abastecimento da região do Interland.
Durante a audiência, a delegação da CPMZ apresentou o quadro actual de funcionamento da companhia, os projectos em curso e as dificuldades operacionais que afectam a fluidez do transporte de combustíveis. O Presidente Chapo manifestou apoio à expansão da infraestrutura e destacou a relevância do Corredor da Beira como um eixo essencial para o desenvolvimento económico nacional.
“Viemos apresentar ao Presidente da República o nosso trabalho, os desafios que enfrentamos e as perspectivas de crescimento. Recebemos do Chefe de Estado orientações importantes”,
declarou António Laice, membro do Conselho de Administração da CPMZ, à imprensa.
Criada em 1982, a CPMZ opera um oleoduto de cerca de 300 quilómetros que liga o Porto da Beira à localidade de Feruka, no Zimbabwe. A empresa, uma parceria público-privada entre o Estado moçambicano e investidores internacionais, tem assegurado o transporte de produtos petrolíferos refinados há mais de quatro décadas, consolidando-se como um dos principais canais de exportação e importação de combustíveis na região.
Segundo Laice, a companhia está a investir na ampliação da capacidade operacional, passando de dois para cinco milhões de metros cúbicos, de modo a acompanhar o crescimento económico do Zimbabwe e de outros países do interior da África Austral. Contudo, alertou que a infraestrutura do Porto da Beira necessita de intervenções urgentes para sustentar esse aumento de volume e manter a competitividade face a outros portos regionais.
Analistas económicos e juristas ouvidos pelo Notícias de Moçambique consideram que o país pode estar a perder receitas por falta de revisão dos instrumentos jurídicos que regem a operação da CPMZ. O jurista Celestino Mabote defende que o acordo fundador da empresa “é obsoleto e não reflecte as condições actuais do mercado”, enquanto o economista Dércio Nhabinde sugere “maior equilíbrio na partilha de benefícios entre o Estado e o sector privado”.
O académico Lourenço do Rosário lamentou, por sua vez, a fragilidade do Governo moçambicano nas negociações com grandes multinacionais, sublinhando que “o país continua a dialogar numa posição de fraqueza, pagando para que os outros explorem os seus próprios recursos”. Para Rosário, esta situação revela “a ausência de um modelo de governação económica baseado em conhecimento e estratégia”.
O encontro terminou com o compromisso do Presidente Daniel Chapo em acompanhar de perto a execução dos projectos e promover maior coordenação entre o Executivo e a companhia. Segundo fontes da Presidência, o Chefe do Estado reiterou a importância de garantir que a expansão da CPMZ contribua directamente para o desenvolvimento económico e energético de Moçambique, fortalecendo a posição do país na rede logística da África Austral.







