No terceiro dia da sua visita oficial ao Reino da Espanha, o Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, encontrou-se em Sevilha com o antigo chefe do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, num momento de articulação estratégica em torno do futuro do desenvolvimento global. O encontro decorreu à margem da IV Conferência Internacional sobre o Financiamento ao Desenvolvimento.
A reunião reafirmou o compromisso de ambas as partes com a necessidade urgente de reformar a arquitetura financeira internacional, conferindo-lhe maior justiça, solidariedade e orientação para a erradicação da pobreza extrema. A ocasião foi marcada por um forte apelo à acção global coordenada e por uma reflexão crítica sobre o papel das potências mundiais e da África no século XXI.
Zapatero destacou que a erradicação da pobreza deve ser encarada como a “primeira obrigação” da comunidade internacional. “Temos de abolir a miséria e a fome. A fome não pode existir no século XXI, quando há tanto desenvolvimento tecnológico e tanta riqueza global”, afirmou, defendendo que tal transformação exige mudanças estruturais nas atitudes das nações ricas.
O antigo governante espanhol reiterou a importância de uma África unida e decidida, classificando o continente como “o futuro” da humanidade. “Toda a gente sabe que o futuro é África”, declarou, sublinhando que a transformação pode e deve começar agora. Para Zapatero, o ano de 2030 — horizonte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — deve ser uma meta clara para avanços significativos, especialmente na erradicação da pobreza.
Ainda assim, reconheceu os desafios que persistem, nomeadamente a falta de perspectivas para a juventude africana. “Falta o futuro. É por isso que tantos jovens emigram, porque não têm alternativa”, alertou, deixando um aviso directo à Europa: “Se a Europa não investir em África, a África estará na Europa”.
Zapatero expressou confiança na liderança espanhola actual, liderada por Pedro Sánchez, para assumir um papel de vanguarda neste processo de transformação global. “Acredito que a Espanha assume, neste momento, uma liderança a favor dessa nova arquitetura de financiamento”, concluiu.
O encontro entre Chapo e Zapatero reforça o posicionamento de Moçambique na cena internacional como defensor ativo de uma ordem financeira global mais equitativa e eficaz, e insere-se num contexto mais amplo de articulação entre África e Europa em torno de soluções estruturais para o desenvolvimento sustentável.