A vice-presidente da Comissão dos Assuntos Sociais, Género, Tecnologia e Comunicação Social, da Assembleia da República, Elcina Marindze, disse à IscoNews que a malária continua a figurar entre os principais desafios do sistema de saúde em Moçambique.
A dirigente falava no final de uma visita de fiscalização realizada ao distrito de Cuamba, na província do Niassa.
Segundo explicou, a missão dos parlamentares tem como foco avaliar o funcionamento das unidades sanitárias e os mecanismos de prevenção e resposta a doenças que continuam a afetar as comunidades. “Estamos, neste momento, na fase de fiscalização”, afirmou Marindze, sublinhando a importância da monitoria próxima das condições de atendimento.
Durante a visita, os deputados encontraram uma máquina de Tomografia Axial Computorizada (TAC) em pleno funcionamento no Hospital Distrital de Cuamba. O equipamento, considerado essencial para diagnósticos mais precisos, representa um ganho significativo para a região, que antes dependia de deslocações longas para exames especializados.
Outra mais-valia identificada é a existência de um armazém de vacinas a nível provincial, o que reforça a estratégia de prevenção de doenças. Para os parlamentares, a aposta em infraestruturas deste tipo é determinante para a redução de casos de malária e outras enfermidades evitáveis.
Apesar destes avanços, a tuberculose continua a ser um motivo de preocupação. De acordo com relatos colhidos no terreno, muitos pacientes interrompem os tratamentos antes do tempo recomendado. Essa desistência deve-se, sobretudo, à distância até às unidades sanitárias e à falta de condições alimentares adequadas que permitam suportar os efeitos da medicação.
Para os deputados, o abandono representa um sério risco de saúde pública. O fenómeno aumenta o perigo de transmissão comunitária e compromete a recuperação dos doentes, que frequentemente veem a doença agravar-se após a interrupção da terapêutica.
“É fundamental que as unidades sanitárias reforcem a componente educativa, para que os pacientes não abandonem os tratamentos”, sublinhou Marindze, apelando ao envolvimento ativo de profissionais de saúde, líderes comunitários e famílias no acompanhamento dos pacientes.
A comissão defende ainda a necessidade de políticas mais robustas que garantam apoio nutricional aos doentes com tuberculose, já que a medicação exige uma base alimentar mínima para ser suportada sem grandes complicações.
Outro ponto levantado foi a necessidade de reforçar as campanhas de sensibilização sobre a malária, sobretudo em zonas rurais. A distribuição de mosquiteiros tratados e o incentivo à procura imediata de cuidados médicos em caso de sintomas continuam a ser linhas de ação prioritárias.
Marindze destacou que os desafios enfrentados em Cuamba refletem, de certa forma, a realidade de várias regiões do país, onde o sistema de saúde procura equilibrar avanços tecnológicos com a necessidade de assegurar condições básicas para o tratamento e prevenção de doenças.
Os deputados garantiram que levarão as preocupações colhidas durante a visita ao debate parlamentar, com o objetivo de encontrar soluções legislativas e orçamentais que permitam fortalecer a rede nacional de saúde.
A mensagem final deixada pela comissão é clara: sem o envolvimento de todos os atores — governo, profissionais de saúde e comunidades — será difícil vencer as batalhas contra a malária e a tuberculose, que continuam a roubar vidas e a fragilizar o tecido social em Moçambique.







