O Governo moçambicano pretende acelerar a transição para o uso do gás natural veicular (GNV), numa estratégia que visa reduzir os custos de combustíveis, diminuir a dependência de importações e estimular o aproveitamento de recursos energéticos nacionais.
O posicionamento foi reafirmado esta segunda-feira pelo secretário permanente do ministério da energia e recursos minerais, António Manda, durante um encontro dedicado à promoção do uso de gás natural em veículos.
Com um parque automóvel estimado em 1,3 milhões de viaturas, Moçambique conta atualmente com apenas quatro mil a utilizarem o GNV, um número considerado bastante reduzido face às metas traçadas pelo Executivo.
Para António Manda, o aproveitamento do gás natural representa não apenas uma alternativa energética, mas uma oportunidade económica capaz de gerar poupança, atrair investimento e criar emprego.
“O uso de gás natural significa transformar um recurso nacional em motor de crescimento interno, reduzindo a pressão sobre as importações e contribuindo para o equilíbrio da balança de pagamentos”, afirmou o ministro, sublinhando que o país tem condições técnicas e logísticas para expandir rapidamente a rede de abastecimento e conversão de veículos.
O Governo moçambicano está a negociar com a Coreia do Sul apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento do setor, incluindo a instalação de novos postos de abastecimento e a capacitação de técnicos especializados. Segundo o secretário permanente, o objetivo é garantir que o gás natural se torne um combustível competitivo e disponível em todo o território nacional.
Economistas defendem que a medida tem um forte potencial para reduzir custos estruturais da economia, sobretudo no transporte de bens e serviços, que depende fortemente da gasolina e do gasóleo. Além disso, a adoção do GNV poderá impulsionar novas indústrias e criar uma cadeia de valor local ligada à produção, manutenção e distribuição do combustível.
O especialista em energia e economia, Fernando Chongo, considera que a política do Governo é estratégica, mas requer estabilidade regulatória e incentivos fiscais para atrair o investimento privado. “Sem uma rede sólida de abastecimento e políticas consistentes de incentivo, o ritmo de adesão continuará baixo. É preciso tornar o gás natural financeiramente vantajoso para o consumidor”, afirmou.
Manda concluiu que a aposta no gás natural é parte de uma visão de longo prazo para transformar a economia moçambicana, tornando-a menos vulnerável às flutuações internacionais dos combustíveis fósseis. “Estamos a investir na nossa independência energética e num modelo económico mais eficiente, sustentável e centrado no cidadão”, frisou o ministro.