O Banco de Moçambique decidiu reduzir a sua taxa de juro de política monetária (MIMO) de 11% para 10,25%, numa medida que visa estimular a retoma económica e consolidar as expectativas de inflação dentro de um dígito.
A decisão foi anunciada nesta quinta-feira, pelo governador do Banco de Mocambique, Rogério Zandamela, em Maputo, no fim da sessão ordinária do Comité de Política Monetária (CPMO), num contexto marcado por fragilidade do crescimento interno e persistência de riscos fiscais.
Apesar da inflação continuar sob controlo situando-se em 4,2% em junho de 2025, ligeiramente acima dos 4% de maio, a contração do Produto Interno Bruto (PIB), excluindo o gás natural liquefeito, foi de 4,9% no primeiro trimestre. Incluindo o gás, a economia recuou 3,9%. “O crescimento económico continua abaixo do potencial, o que exige uma postura monetária prudente mas sensível à necessidade de estímulo”, explicou o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
A decisão de baixar os juros é, segundo Zandamela, “um contributo para a recuperação gradual da atividade económica”, num momento em que a procura interna permanece fraca e as incertezas globais aumentam. Ainda assim, o banco central alerta para a crescente pressão sobre as contas públicas, que pode comprometer os ganhos alcançados.
“A dívida pública interna continua numa trajetória insustentável. O seu impacto sobre a confiança e sobre as reservas internacionais líquidas não pode ser ignorado”, advertiu o governador. Em maio, a dívida interna atingiu 454,3 mil milhões de meticais, quase 39 mil milhões acima do registado em dezembro de 2024.
Zandamela foi claro ao dissociar o banco central das decisões de endividamento do Estado: “O Banco de Moçambique não é responsável pela política fiscal, mas tem o dever de alertar quando esta começa a pôr em causa a estabilidade macroeconómica”.
A estabilidade do metical foi outro tema abordado pelo governador, que garantiu que “não há riscos imediatos que justifiquem alarmismo”. As recentes medidas cambiais, que incluem a redução dos limites de retenção de divisas e o aumento da taxa mínima de conversão de receitas de exportação, visam “preservar as reservas e garantir liquidez em moeda nacional”.
No que toca às limitações no uso de cartões bancários para compras online, Zandamela negou que haja uma imposição direta do regulador. “Não há qualquer directiva generalizada. Cada banco comercial faz a sua avaliação de risco e toma as decisões que considerar adequadas ao perfil dos seus clientes”, esclareceu.
O Banco de Moçambique compromete-se a continuar a monitorar os principais indicadores macroeconómicos e reiterou que a próxima reunião do CPMO terá lugar no dia 29 de setembro. “O nosso mandato é claro: preservar a estabilidade de preços e garantir o funcionamento saudável do sistema financeiro. Esse compromisso mantém-se inabalável”, concluiu Rogério Zandamela.







